ANTÓNIO JOSÉ PINTO - FIGURA DE ALCOCHETE

No dia em que o Grupo de Forcados Amadores de Alcochete cumpre o seu 42º aniversário, o PORTA DOS SUSTOS esteve à conversa com um dos seus elementos mais carismáticos e que encarna bem o espírito do grupo: ANTÓNIO JOSÉ PINTO.












PS – Ainda se lembra do primeiro toiro que pegou?
AJP – Perfeitamente. Foi na primeira corrida que o Grupo fez, em Agosto de 1971, na qual pegámos seis toiros em solitário e eu peguei um deles.
PS – Onde foi?
AJP – Foi na Praça de toiros do Montijo.







PS – E o último?
AJP – Foi há dois anos atrás, na festa dos 40 Anos do Grupo, numa corrida muito bonita. Aliás, tenho pegado, desde que me despedi em 1989, em todos os aniversários do Grupo, que comemoramos de cinco em cinco anos.
PS – Qual pensa que foi o segredo para ter tido o percurso que teve, e ser a grande Figura que todo o mundo taurino reconhece em si?
AJP – Acho que não houve segredo nenhum, tive a sorte de sempre ter estado rodeado de grandes forcados, que me inspiraram pelo exemplo. Sempre acompanhei os meus irmãos mais velhos às corridas e via-os a pegar, eram os meus ídolos, que me influenciaram muito e queria muito ser como eles, grandes Forcados! Até que fui com um capote para tourear, com o qual mal podia, ao meu primeiro treino, na Herdade do Vinhas, no Zambujal, pedi para pegar e comecei aí, era miúdo, a pegar vacas, e nunca mais parei.







PS – Quais são as principais diferenças que encontra nos grupos de forcados do tempo em que pegava toiros, relativamente aos actuais?
AJP – No meu tempo havia menos diversões que há agora, portanto reuníamos-nos e convivíamos mais do que acontece agora.
PS – Queria pedir-lhe que nomeasse dois grandes forcados da sua geração e duas promessas do panorama actual.
AJP – Bom, no meu tempo havia grandes forcados, e por serem muitos e muito bons, é-me impossível nomear dois….é muito redutor e deixaria muita gente de fora. Actualmente é ainda mais difícil … Muitos deles não os consigo identificar pelo nome, mas um deles, e sou suspeito para falar, é o meu filho. Acho-o um excelente forcado.
PS – E a nível de grupos, quais os grupos que acha que se destacam?
AJP – Para falar de Grupos, mais uma vez sou suspeito… Acho o Grupo de Alcochete um grande grupo, mas também o Grupo de Montemor, de Santarém, de Vila Franca, que esteve muito bem o ano passado, tendo inclusivamente recebido um prémio.

PS – Alguma vez lhe passou pela cabeça que o seu filho não fosse forcado?
AJP – Nunca pensei muito nisso. Levava-o às corridas, como qualquer Pai aficionado leva o seu filho, e a partir de certa altura, foi ele próprio, com 11 anos, que começou a mostrar gosto por isto dos toiros e começou a pegar umas bezerras. A partir daí é que comecei a acreditar que ele viesse a ser forcado.
PS – Acha que o seu filho é melhor ou pior forcado que o António foi?
AJP – Não é melhor nem pior, cada um tem o seu estilo. Ele é pegador de barbela, eu sempre fui pegador de córnea, são estilos diferentes, nem melhores nem piores, só diferentes. Há aficionados da pega que gostam mais do primeiro, outros que preferem o segundo, cabe a quem vê julgar e optar.
PS – Quais são as características que deve ter um bom cabo?
AJP – A meu ver, um bom Cabo deverá ser uma pessoa humilde, honesta, e, principalmente, um bom condutor de homens, ainda que não seja um grande forcado.
PS – Posso concluir, portanto, que revê estas características no seu filho Vasco ?
AJP – Sim, claro. É uma pessoa humilde, com bom carácter, honesto e um grande forcado.

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