À CONVERSA COM: D. MANUELA REDONDO

Estivemos à Conversa com a Grande Aficionada, D. Manuela Redondo.
Uma das proprietárias do famoso "Licor Beirão" e uma das caras mais conhecidas entre os Aficionados que frequentam as nossas praças de Toiros de Norte a Sul do País. 
Uma conversa muito agradável.









P.D.S.-Quem é a Manuela Redondo?

M.R. -Sou eu!
A Manuela Redondo é uma pessoa que gosta de muita coisa e uma delas é, de facto, a Tauromaquia. Eu gosto, não sou uma grande “expert”, mas percebo o suficiente para apreciar.

P.D.S.- Como surge a sua ligação ao mundo do toureio?

M.R. -A minha ligação ao mundo dos Toiros começou quando eu, por volta de 1959/1960, andava no colégio de Tomar e iamos ás garriadas. E era muito engraçado ver os nossos colegas no grupo de forcados  e depois veio por ai fora. Tive depois um tempo em que me afastei um pouco, mas agora retomei e vou sempre a todas as corridas que me são possíveis.

P.D.S.- O que é que mais a fascina no toureio?

M.R.- Gosto muito de ver tourear bons cavaleiros. Os que são menos bons cavaleiros, eu também gosto, mas arranjo sempre uma desculpa para algum “desaire” que lhes aconteça.


P.D.S.- Qual a forma de expressão do toureio (a pé ou a cavalo) com que mais se identifica?

M.R.- O toureio a cavalo.
Embora também goste muito do toureio a pé. Recordo-me de quando era solteira, ia com os meus pais para Salamanca e no mesmo hotel ficava o Amadeu dos Anjos.
E o Amadeu dos Anjos era um dos toureiros portugueses que mais apreciava. Também chegamos a trazer para Vilar Formoso, o Manuel André Jorge Cavaleiro Tauromáquico natural de Nave de Haver e que foi figura em Espanha nos anos sessenta.
Ficamos fãs, do Amadeu dos Anjos, que falava alto e horas sem fim ao telefone do quarto do hotel, que ficava ao lado do nosso.  Nesta época, a minha irmã era fã do “El Cordobés” e eu, claro, do Manuel dos Santos. Para mim o que é Português é Bom!

P.D.S.- Que lugar ocupam os forcados no seu imaginário taurino?

M.R.- Isto começou tudo com os forcados do grupo do colégio de Tomar e eu gosto mesmo muito dos forcados. Claro que há uns melhores do que os outros, mas na minha idade  também funciona mais é o coração.
P.D.S.- Emociona-se ao ver uma boa pega?
M.R.- Sim, Claro. Adoro ver uma boa pega.

P.D.S.- Qual é o seu tipo de toiro preferido?
M.R.- A essa pergunta não sei responder bem. Eu gosto muito, fico fascinada quando um toiro pára e olha para nós na bancada. Aquela expressão para mim é tudo. É o toiro que olha para nós a pensar o que é que nos fazia. Merece-me respeito.

P.D.S.- Que pensa do mundo taurino?
M.R.- Sei lá... acho que é esta a minha resposta. Não faço comentários...

P.D.S.- Que diferenças encontra entre o mundo taurino de hoje e do de há 40 anos?
M.R. – Acho que há 40 anos, talvez não houvesse tanto deslumbramento. Tanta vontade da pessoa aparecer. Toureava-se mais por paixão e havia mais comedimento, sobretudo nas atitudes.


P.D.S.- Quais os artistas do toureio (cavaleiros, matadores, forcados) que mais a impressionaram ao longo dos anos que leva como aficionada?
M.R.- Eu gostei muito de todos os cavaleiros que já cá não estão, mas principalmente do Mestre João Branco Núncio. Nos dias de hoje, eu gosto muito do António Telles, por ser clássico, encanta-me ver o Manuel Telles, porque é uma ternura. Se pensar mais, também aprecio certos momentos do João Moura, do Joaquim Bastinhas, aprecio muito a irreverência do Diego Ventura e claro que sou Fã do Tiago Carreiras.

P.D.S.- Que pensa dos movimentos anti-touradas?
M.R.- Não penso nada de jeito, porque isso não é para pensarmos, nem para perdermos tempo a pensar nessa gente. Essa gente quanto a mim são frustrados que tentam chamar a atenção sobre eles, mas não vale a pena darmos-lhes demasiada importância.

P.D.S.- Acredita que possam haver "anti-taurinos" infiltrados no meio dos aficionados?
M.R.- Há pessoas despeitadas da vida. Isto é que eu acho e que prejudicam porque não gostam de ver que o do “lado” faça algo de melhor e então tentam prejudicar.
Porque os anti-taurinos, a maior parte se tivesse dinheiro para umas cervejas e para ir a uma tourada, viravam aficionados. Dêem-lhes bilhetes...

P.D.S.- Acha que os políticos dão o devido valor à festa de toiros enquanto cartaz turístico e como tradição deste país?
M.R. – Não sei, acho que alguns gostam e têm a dignidade de se assumir, outros gostam mas não se querem assumir por causa da polémica que há à volta dos toiros, os taurinos, os anti-taurinos, e eles não sabem para que lado é que se hão de virar. Mas se isto virar a favor da tauromaquia, eles vêm cá... dêm-lhes bilhetes que eles também vão.

P.D.S.- Que razão a levou, enquanto empresária, a recorrer ao tema tauromáquico, concretamente os forcados, para promover o produto mais emblemático da sua empresa (Licor Beirão)?
M.R.- Ah isso não fui eu! Foi a firma de publicidade que trabalha para a nossa empresa e o meu sobrinho (director de markting), que escolheram uma vez o Manuel João Viera, que eu gostei muito, depois o José Diogo Quintela, com o forcado “Fernando” que eu acho um piadão, e agora o João Paulo Rodrigues. Mas o forcado foi uma publicidade muito feliz para o meio da juventude e também defende as nossas tradições e a nossa cultura. Há muitos anos, o Licor Beirão tinha uma publicidade em parceria com a Macieira e que estavam ambos ligados à Festa brava. Agora eles pensam mais em futebol e em rugby.

P.D.S.- Como empresária de sucesso, e grande aficionada, que razões encontra para que as empresas tal como o Licor Beirão, não patrocinem tanto os espectáculos Tauromáquicos.
M.R.- Eu acho que para já não se devia ter medo, devia-se ser como a Sagres. Nós não investimos mais na tauromaquia, precisamente porque se investe mais no Rugby, no Futebol e em certos programas de televisão, temos patrocinado filmes e também o Golf.

P.D.S – Figuras actuais da nossa festa
Grupo de Forcados – Amadores da Chamusca (mas sou Madrinha do Grupo de Forcados da Escola Superior Agrária de Coimbra)
Cavaleiro de Alternativa – António Telles, Manuel Telles Bastos e Tiago Carreiras.
Cavaleiro Praticante – Miguel Moura
Peão de Brega – Duarte Alegrete (embora ele me diga se eu venho de “ovo” quando vou de Smart).
Bandarilheiros – Claúdio Miguel
Melhor Forcado – Fernando Quintela, que me perdoe o Diogo Cruz da Chamusca que eu também Adoro.
Melhor empresa – Campo Pequeno e Aplaudir
Praça de Eleição – Montijo.
Matador Português -  António João Ferreira
Matador Espanhol – António Ferrera e José Tomás
Revista Tauromaquia – Olé
Sites – Farpas; Sortes de Gaiola; Diário Taurino; Tauródromo; Porta dos Sustos.
Personagem da actualidade – Rui Bento – pela sua força e garra.

P.D.S.- Uma mensagem para o Porta Dos Sustos.
M.R. – Eu desejo que tenham muito sucesso, continuem a trabalhar com muita honestidade e nada de “tricas” destrutivas.

Maria Mil-Homens